O vice-presidente do Scientific Committee on Antarctic Research (Scar) e vice-pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Cardia Simões, emitiu um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil, com ênfase no Rio Grande do Sul. A preocupação recai sobre alterações nos padrões climáticos que já começam a atingir o estado.
Segundo Simões, o aquecimento global tem provocado mudanças nas frentes frias que se originam no continente antártico. Essas massas de ar, que influenciam diretamente o clima do sul do Brasil, estão se tornando menos frequentes por causa do aquecimento dos oceanos. Essa alteração no equilíbrio atmosférico pode modificar o regime de chuvas e provocar um aumento na frequência de estiagens no território gaúcho.
Como o aquecimento global influencia o clima do RS?
Outro ponto abordado por Simões é o aumento do nível do mar. As projeções científicas indicam que esse avanço pode atingir até 1,20 metros nos próximos 80 anos. O impacto dessa elevação será significativo em áreas costeiras do país, incluindo o litoral do Rio Grande do Sul. A combinação entre estiagens e avanço do mar exige uma revisão das práticas adotadas nas cidades e no campo.
O especialista defende a adoção de medidas estruturais, como a adaptação da infraestrutura urbana e a revisão dos modelos agrícolas. Entre as propostas estão o uso de cultivares mais adaptadas às novas condições climáticas e o planejamento de cidades mais resilientes. Ele também destacou a carência de investimentos em pesquisas sobre o clima, especialmente em relação à Antártida, que influencia diretamente o sistema atmosférico do hemisfério sul.
Para Simões, a resposta à crise climática deve ser imediata. Ele reforça que políticas públicas precisam ser formuladas e aplicadas com urgência, considerando as projeções científicas atuais. Sem essas ações, futuras gerações herdarão um estado com temperaturas mais elevadas e distribuição de chuvas menos previsível.
